no primeiro post desse blog eu afirmei que fiquei muito tempo sem escrever por que a minha vida era muito deprimente e eu tinha um pouco de receio de soar dramática e desesperada por atenção (já que coisas bem desagradáveis aconteceram comigo nas vezes em que tentei desabafar).
mas hoje me deu uma grande vontade de falar um pouco sobre o maravilhoso ano de 2009.
eu percebi que o único jeito de ser feliz e não dar a mínima para o que os outros vão pensar de você e agir de acordo com seus princípios e vontades, desde que não machuque ninguém. e o fato é: tudo isso já passou, THANK GOD.


de segunda a sexta a parada era a seguinte: eu acordava as 15h, 16h horas. tomava um copo de café. entrava na internet. morria de aflição o tempo todo que eu estava lá, medo de as pessoas entrarem em contato comigo ou perguntarem como eu estava. eu não estava mais a fim de forçar sorrisos ou mentir, e dizer a verdade não era nem de longe uma opção na minha mente perturbada. por isso, parei de mandar scraps e principalmente, de entrar no msn.
as 17h30 eu ia tomar banho e o sentimento de culpa começava. me sentia culpada por estar triste, por viver aquela vida patética e deprimente, de chatear as pessoas ao meu redor e principalmente: de ter tanta coisa ocupando minha cabeça e minhas forças, que não havia espaço para ajudar os outros.

(não vou dizer que eu vivia atormentada 24/7 pensando que os outros precisavam de mim e eu não podia ajudar. o que me atormentava era algo muito mesquinho, egoísta e egocêntrico. e, claro, não era verdade.
eu achava que ninguém no mundo podia estar sofrendo tanto quanto eu, e que eu mais precisava de ajuda do que precisava ajudar. talvez essa parte até seja verdade, mas, como uma grande amiga me fez perceber, a culpa em grande parte era minha, já que eu não deixava ninguém me ajudar. e, afinal das contas, menosprezar os fardos dos outros não me levou a lugar nenhum. nenhum lugar bom, pelo menos)


enfim. aquele sentimento de angústia e aflição me perseguia até as 23h30, quando eu chegava do cursinho.
metade das vezes eu me sentia tão mal que simplesmente sentava numa praça com um livro das 18h às 23h, mas na outra metade eu era forçada a ir naquele lugar do inferno.
meu deus, como eu odiei cada segundo naquele curisnho!
uma paranóia delirante tomou conta de mim durante o ano todo(e eu devo admitir, ainda há resquícios dela em mim atualmente :P), e eu imagina que cada uma das 200 pessoas naquele auditório olhavam pra mim, diziam coisas de mim, me desprezavam. (isso não melhorou nada depois de eu ter ouvido umas meninas falarem mal de mim no banheiro)
quando eu fiiiiiiiiinalmenteee chegava em casa, eu fazia a primeira refeição do dia. comia alguma coisa e sentava na sala para assistir tv. ficava tomando danones, comendo bolachas, maçãs, baldes de pipoca e tomando café, MUITO café durante a madrugada inteira. e fumava como uma chaminé.
durante esse tempo eu desenvolvi um medo de escuro absurdo. absurdo mesmo. e medo do silêncio, também.
eu me sentia sozinha feito o diabo de noite, e só me sentia segura pra dormir depois de ouvir o despertador do meu pai às 6h. aí já estava claro e havia mil passarinhos pra não me deixar no silêncio. e aí eu dormia.
aliás, durante todo esse tempo eu dormi na sala. me sentia presa e sufocada no meu quarto, e tinha verdadeiro pavor de dormir lá.
(para vocês entenderem a gravidade da coisa, só voltei definitivamente a dormir lá em março desse ano. e faz umas 6 semanas que eu consegui dormir com a porta fechada pela primeira vez. vamos ver quando é que vou poder fechar a janela também).

durante esse tempo briguei com meu pai todos os dias, com minha mãe dia-sim-dia-não e com a bia uma vez por semana. não conversava direito com ninguém, sentia uma falta alucinante das minhas amigas e pensava o tempo todo que as coisas que eu estava passando e a pessoa que essas coisas me transformaram eram demais para elas. que uma pessoa tão problemática, toda fudida e totalmente bipolar era mais do que elas podiam aguentar. ainda acho isso, um pouquinho, apesar de t.o.d.a.s. elas terem se provado amigas de verdade e agora eu saber o quanto elas tentaram me ajudar.


mas aí chegava o final de semana.
de sexta-feira eu saia com a bia. a gente ia no texaco, na praça, no fritz, ou em qualquer lugar. eu ria, me sentia livre e feliz.
e sábado... sábado eu ira ver o allan. e nos passeios por barão geraldo, as conversas madrugada a dentro, a cerveja gelada na mesa do rédi, as tardes de sol ao lado da piscina, os discos de vinil, os sorrisos,abraços e beijinhos e os lanches da padaria alemã, eu ia achando forças pra lutar.
perdi a conta de quantas vezes completamente bêbada eu gritava na orelha dele: 'dane-se você! minhas marias não me amam mais!' e chorava-ava-ava. eu tinha medo de dormir no escuro, e ele era forçado a cantar e conversar comigo no claro até eu dormir, e aí ele fechava a janela. eu tinha surtos e jogava as coisas na cabeça dele, tinha crises de choro infinitas, as vezes passava dias sem dar uma risada ou mesmo sorrir. ficava horas e horas reclamando sobre a angustia que eu sentia e tinha momentos realmente tensos em que as crises de depressão derretiam meu cérebro e eu ficava com o olhar parado para o nada, ouvindo ele falando ao longe e só pensando em maneiras de morrer. implorando pra morrer. implorando pra que ele deixasse eu me matar. e todas as vezes, ao inves de parecer chocado ou triste ou achar frescura, ele levantava imediatamente, colocava um vinil dos beatles, me abraçava e cantava baixinho no meu ouvido.

ele salvou minha vida.

ainda bem que o tempo passa. e agora não me sinto mais ridícula de falar sobre isso, nem de pedir ajuda :)

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