eu quis estar sozinha, desejei com todos os átomos do meu corpo: o silêncio.
desejei a liberdade total. eu sempre tive uma certa certeza de que a liberdade só se alcança quando se livra das pessoas. amar, cuidar, conversar, abraçar, tudo isso te prende. você nunca vai poder fazer tudo o que quiser fazer enquanto se preocupar com as pessoas, enquanto conviver com as pessoas, enquanto as pessoas te amarem. um esquema meio Into TheWild. e eu quis a liberdade com todas as minhas forças.

eu quis estar sozinha. o poder do silêncio me seduziu. a idéia de que eu poderia florescer. me conhecer, pensar, viver, ser, no absoluto silêncio. eu só poderia dizer: EU SOU EU MESMA quando estivesse completamente sozinha. SOU LIVRE. porque, por exemplo, eu nunca era capaz de dizer que algo era feio, ou que eu não gostava da tal coisa se a pessoa que eu amasse achasse aquilo bonito ou gostasse e tudo o mais.
as pessoas que eu amo sempre vieram muito acima de qualquer coisa e eu tinha me tornando incapaz de opiniões, incapaz de ser eu mesma. e eu odiava aquilo.

hesitei tanto em procurar a solidão porque eu sempre gostei MUITO de conhecer a vida dos outros e viver mil vidas em uma só. isso ia além dos livros, era uma curiosidade intensa, de conhecer a vida por todos os vértices e saber como pensam as pessoas, como vivem as pessoas, como agem as pessoas.
e o espetacular teatro do drama humano prosseguia, sempre a encantar aquele que parava para apreciar.

de repentíssimamente eu me toquei de que não tinha ideia de quem eu era. não sabia ao certo como eu pensava, como eu vivia, como eu agia. era uma folha em branco sendo preenchida pelos pensamentos alheios, vidas alheias, atos alheios. passei tanto tempo buscando entender a natureza humana, que coloquei tudo no mesmo saco, sabe. incluse eu mesma.
cometi um erro grotesco. sempre dei corda pra todo mundo falar e sem perceber acabar se mostrando. nunca dizia a ninguém minhas verdadeiras opiniões. até que há alguns anos resolvi largar mão disso.
e me tornei grosseiramente sincera, escrotamente sincera, nojentamente sincera.
então a vida por si só se encarregou de me levar pra longe dos meus amigos.




me exclui do convívio com as pessoas para conhecer a mim mesma




















não gostei do que vi.











so here i am. trapped inside myself. and there's no fucking windows.

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