e de repente eu percebo que a resposta pode sim estar ao meu alcance.
a mágoa não faz sentido.

e talvez amadurecimento seja isso. porque eu fiquei dois anos lutando para não odiar(coloco em itálico porque a palavra é muito forte e não é muito exata) duas pessoas.
e eu sabia: é só não odiar. sua vida VAI pra frente. assim que você largar desses dois baús te arrastando pra trás. mas e o know how? isso eu não tinha.

mas há algum tempo, e eu não posso precisar de mês, nem de semana e muito menos de dia, eu tenho percebido que não era ódio. nunca foi ódio. por nenhuma das duas.
pela primeira, era inveja. eu não tenho realmente medo de admitir. era medo e inveja. e um pouco de despeito. e uma outra coisa que eu ainda não consigo definir, que não é de maneira nenhuma desapontamento, mas me fazia pensar: 'como é que você pode fazer essas coisas?? eu não mereço respeito??? tudo o que eu quero é respeito!'
mas hoje eu sei a resposta, e, citando de um filme, é essa: 'i can't spend my intire life being jelous of you. i can't and i DON'T have to. because he's got you on a pedestal and me in his arms.'.
então é isso. é comigo que ele vai pra casa. beijos. não tenho porque me descabelar a toa. porque ele é o homem que eu amo, e eu sou a mulher que ele ama.


pela segunda, era decepção. a maior decepção que eu já senti. porque a raiva me cegou de tal forma, que além de eu ver 100000 de vezes pior cada coisa ruim ou errada que ela fazia, eu totalmente apaguei da minha mente qualquer coisa boa que ela pudesse ter feito, ou sido.
mas a vida é assim. a gente se decepciona. eu nem posso afirmar com certeza o numero de pessoas que eu já magoei. e ninguém é perfeito. e se eu vou ser tão indulgente com os meus erros, não há mal em ser com o dos outros. eu luto dia a dia para ser cada dia menos hipócrita, juro que luto. 
então acabou. 
eu quis estar sozinha, desejei com todos os átomos do meu corpo: o silêncio.
desejei a liberdade total. eu sempre tive uma certa certeza de que a liberdade só se alcança quando se livra das pessoas. amar, cuidar, conversar, abraçar, tudo isso te prende. você nunca vai poder fazer tudo o que quiser fazer enquanto se preocupar com as pessoas, enquanto conviver com as pessoas, enquanto as pessoas te amarem. um esquema meio Into TheWild. e eu quis a liberdade com todas as minhas forças.

eu quis estar sozinha. o poder do silêncio me seduziu. a idéia de que eu poderia florescer. me conhecer, pensar, viver, ser, no absoluto silêncio. eu só poderia dizer: EU SOU EU MESMA quando estivesse completamente sozinha. SOU LIVRE. porque, por exemplo, eu nunca era capaz de dizer que algo era feio, ou que eu não gostava da tal coisa se a pessoa que eu amasse achasse aquilo bonito ou gostasse e tudo o mais.
as pessoas que eu amo sempre vieram muito acima de qualquer coisa e eu tinha me tornando incapaz de opiniões, incapaz de ser eu mesma. e eu odiava aquilo.

hesitei tanto em procurar a solidão porque eu sempre gostei MUITO de conhecer a vida dos outros e viver mil vidas em uma só. isso ia além dos livros, era uma curiosidade intensa, de conhecer a vida por todos os vértices e saber como pensam as pessoas, como vivem as pessoas, como agem as pessoas.
e o espetacular teatro do drama humano prosseguia, sempre a encantar aquele que parava para apreciar.

de repentíssimamente eu me toquei de que não tinha ideia de quem eu era. não sabia ao certo como eu pensava, como eu vivia, como eu agia. era uma folha em branco sendo preenchida pelos pensamentos alheios, vidas alheias, atos alheios. passei tanto tempo buscando entender a natureza humana, que coloquei tudo no mesmo saco, sabe. incluse eu mesma.
cometi um erro grotesco. sempre dei corda pra todo mundo falar e sem perceber acabar se mostrando. nunca dizia a ninguém minhas verdadeiras opiniões. até que há alguns anos resolvi largar mão disso.
e me tornei grosseiramente sincera, escrotamente sincera, nojentamente sincera.
então a vida por si só se encarregou de me levar pra longe dos meus amigos.




me exclui do convívio com as pessoas para conhecer a mim mesma




















não gostei do que vi.











so here i am. trapped inside myself. and there's no fucking windows.

significado

uma vez no cursinho, meu professor gato disse que literatura é linguagem carregada de significado. e boa literatura é linguagem carregada de muitos significados.
enfim. no momento, eu não entendi. porque na minha cabeça, qualquer livro carrega significado, até mesmo esses babaquinhas do paulo coelho ou da meg cabot [parenteses: não vou mentir: li coisas do sir paulo e até gosto e a meg eu amo loucamente]. quer dizer... todos eles significam alguma coisa, numé?
foi ai que um dia fuçando nos livros do meu pai - que tem um gosto irritantemente excelente -  eu achei um livrinho velho, de capa amarelada, com uns rabiscos à la picasso numa linha só de uma mina pelada e um cara de sobretudo. chamava 'A Insustentável Leveza do Ser'. eu, na minha infinita ignorancia, nunca tinha ouvido falar (esse livro é bem famoso). comecei a ler e MANO.

como eu posso descrever... eu fiquei embasbacada. é tão ridiculamente bem escrito. e mais do que isso... é, sim, linguagem carregada do maior numero de significados possíveis.
aí eu entendi. porque, MANO. cada capítulo era um estupro mental. eu me sentia realmente assim, estuprada mentalmente, virada do avesso, cansada, até. todo capítulo gerava tanta elucubração (desculpem aí o vocabulário meio extremamente pedante, mas é que eu leio mais do que seria saudável e essa palavra define melhor do que qualquer outra) que era impossível prosseguir. eu tinha que parar, respirar, pensar bastante. era uma leitura dificil, mas não porque tinha palavras complicadas ou seguia uma linha tortuosa ou tinha muita informação de cada vez. era difícil porque a cada capítulo o Milan Kundera(esse é nome do manolo que escreveu essa pedrada) obriga a gente a entrar em contato com coisas muito fundas da nossa mente (quem preferir substitua pela palavra 'alma'), coisas realmente obscuras, que a gente se força a esquecer ou manter o menor contato possível com elas. são coisas que nos dão um grande auto-conhecimento. as vezes machucam, as vezes fascinam, mas eu posso dizer: nunca é fácil. sentir nunca é fácil.

mas aí que tá... é uma história bem simples, contada por quatro pessoas. primeiro o tomas, que é um mulherengo que separa muito bem 'alma' de 'corpo' e por isso trai a mulher dele o tempo todo. depois a tereza, que é a dita mulher e que vê a sua alma como uma coisa muito mais importante do que o corpo e sofre muito com as traições do marido. aí vem a sabina, que é a mulher com a qual o tomás trai a tereza. ela acha que o corpo é que é o importante. e por fim vem o franz, que é um cara muito do desinteressante e sem graça, que não dá relevância nem pro corpo e nem pra alma, só para a mente. ele larga da mulher dele pra pegar a sabina.
essas, obviamente, são conclusões que eu cheguei. não digam que estão certas nem erradas, porque esse lance de interpretação é assim mesmo.

por incrivel que pareça, não era sobre o livro que eu queria escrever. o que eu queria dizer mesmo é que hoje não estou com saco para estupros mentais. queria assistir house, mas as vezes ele me estupra também, então fui assistir glee. pensei em ver into the wild, que um filme com o mesmo poder que a insustentavel leveza do ser tem sobre mim, mas deixei pra lá. até ia tentar ouvir bob dylan ou regina spektor. mas, MANO.

de uns tempos pra cá não tenho saído muito, nem falado com ninguém. só jogo video game pra abstrai e leio loucamente. enfim,  eu penso demais. o tempo todo. e eu acho que essa é a raiz dos meus problemas.

eu não quero pensar.

[mas não vou negar: ser estuprada mentalmente em situações normais.. oh, it feels good]

continuidade e ruptura

tenho o hábito de ler para meu namorado algumas passagens divertidas dos meus diários de anos anteriores. isso nos liga e ele passa a me conhecer mais e mais.
eu estava lendo algumas coisas do meu diário pink de 2007 e com um imenso sorriso e a voz embargada de nostalgia eu murmurei:
- foi um bom ano...
de repente, a cabeça e o coração se enchem de uma vontade assustadora de voltar para escola, de voltar para o minas, de voltar para itapeva. de voltar a ver minhas amigas todo dia e voltar para aquele dia em especial que aceitamos nosso codinome como nome. voltar a ter pique para sair quinta sexta sábado domingo, fazer cursinho e ensino médio e fazer brigadeiros a tarde inteira com a martinha. voltar desesperadamente a ter 17 anos.de ter fé no mundo e viver numa bolha de ingenuidade e felicidade onde nada me atingiria, de rir na cara do perigo!
afinal, o que de ruim aconteceu na minha vida em 2007? nada.


tudo isso se passa em dois segundos e eu ouço a voz do meu querido me dizendo:
- melhor do que 2010?
minto instantaneamente, nem eu mesma sei bem o porque:
- ah, não...
ele, que lê a minha alma em cada entonação de voz sabe que eu estou mentindo e tenta me desmascarar:
- ah, é? o que de bom aconteceu na minha vida esse ano?

o que de bom aconteceu na minha vida em 2010? nada.
então eu me pego a vasculhar minha mente em busca de alguma resposta e falo, sem a menor animação:
- eu entrei pra faculdade...
lanlan diz, com um sorriso lindo:
- sim!
e penso: é, entrei sim. e depois de gastar uns 5 mil reais e 8 meses da minha vida eu percebo que detesto aquilo.
- eu fiz realmente as pazes com as minhas amigas... - digo, incerta.
- fez mesmo! - diz ele todo felizão.
e penso: sim. e agora é 13948579364 vezes mais difícil estar longe.
- você arrumou um emprego... adquiriu experiencia profissional! - diz ele tentando desesperadamente me ajudar.
- pois é!
e penso: e fui demitida com um mês porque não conseguia nem ao menos atender o telefone direito.
então, como uma última cartada, eu disse a única coisa que me parecia não ter uma contestação:
- a gente está muito mais feliz juntos esse ano. temos muito mais intimidade e cumplicidade, estamos realmente muito bem, melhor do que nunca.
ele apenas sorri, doce.
mas aí, OH NÃO, meu cérebro me engana e grita: E EU QUERO MORAR COM VOCÊ. LOGO. AGORA. DESESPERADAMENTE. E COM O DIVORCIO DOS MEUS PAIS, ESTAMOS MAIS DISTANTES DISSO DO QUE JAMAIS ESTIVEMOS.


então lá estava eu. uma menina de 20 anos sentada numa cama, em um quarto extremamente bagunçado, sem unhas na mão, pesando 49 kg, que só joga video game e come maçã o dia inteiro, segurando uma agenda da capricho e sem ter a menor idéia do porque sua vida ser tão bosta. tão tão bosta.

primeira coisa. porque diabos eu tenho que rebater cada coisa boa que vem na minha cabeça com uma coisa ruim?? desde quando isso é saudável?? isso serve praqueeee??? pra nada. porque eu devo achar que eu não mereço nada de bom, fico me autossabotando e desisto de tudo que pode me fazer algum bem? porque em algum nível insano, eu gosto de ser infeliz.
segunda coisa: porque quando eu tinha 17 anos nada de ruim acontecia e hoje nada de bom acontece? porque eu dou margem. eu vivia tão ocupada sempre e taaaanta coisa acontecia na minha vida que eu simplesmente não tinha tempo pra ser triste. hoje em dia, eu fico acordada a madrugada inteira só pensando besteira e é obvio que nada de bom nasce daí.

mais tarde nesse dia eu fiquei pensando sobre tudo isso. tentando descobrir porque a menina de 17 anos sabia viver melhor do que a menina de 20 anos. porque eu estava tão terrivelmente triste há dois anos. porque eu não tinha muito ânimo de viver. porque eu era fria com todo mundo e não conseguia fazer amigos.

eu não cheguei a conclusão nenhuma a respeito dos porquês. mas cheguei a outra.
eu cansei de ser infeliz. eu não quero mais.
e a primeira coisa que eu devo fazer é deixar os pensamentos bons, os dias bons, as pessoas boas, as cervejas boas, as festas boas, as boas noites de sono, a boa comida(parte dificil :S), a saúde e mais um monte de coisas que me falta chegarem à mim.




e vou começar parando de roer unha