Retrospectiva

tentei fazer uma retrospectiva de 2010. falhei miseravelmente. me surpreendi ao perceber que fazer uma retrospectiva da minha vida inteira seria mais fácil. então fiz. 20 anos.

em 1990 nasci. em 1991 aprendi a falar e a andar. em 1991 ganhei uma irmãzinha. em 1993 fui para a escola pela primeira vez, por 2 dias. em 1995 fui para a escola pela segunda vez, por 13 anos. em 1996 tive minha primeira paixãozinha. em 1996 aprendi a ler e escrever. em 1998 li meu primeiro livro, A Mina de Ouro, da Maria Jose Dupre. em 1998 mudei de casa pela primeira vez. em 1998 apareci no programa da Eliana. em 1999 minha avó morreu, na noite de natal. em 2000 mudei de escola pela primeira vez, fui estudar em uma escola pública. em 2001 mudei de escola pela segunda vez, fui estudar em uma escola particular. em 2001 meu avô morreu, no dia em que eu tinha prova de informática. em 2002 ouvi Beatles pela primeira vez. em 2002 fiz amigos pela primeira vez. em 2002 tive minha primeira paixãozona. em 2002 comecei a cantar no coral da escola. em 2003 mudei de escola pela terceira vez. em 2004 comecei a jogar handball. em 2005 ganheimeu primeiro computador. em 2005 mudei da escola pela quarta vez, e foi uma das melhores coisas que já aconteceu nessa minha vida. em 2005 tomei a minha primeira dose de bebida alcoolica. em 2005 conheci minha melhor amiga. em 2005 tirei minha primeira nota vermelha. em 2005 larguei do coral. em 2005 cabulei aula pela primeira vez. em 2005 dei um beijo ao som de Lithium, Nirvana. em 2005 repeti de ano. em 2006 fui para balada pela primeira vez, com aqueles amigos que eu fiz em 2002. em 2006 vi Itapeva pela primeira vez. em 2006 'conheci' meu melhor amigo. em 2007 mudei de cidade pela primeira vez. em 2007 mudei de escola pela quarta vez. em 2007 me tornei uma Maria. em 2007 comecei a fazer Edificações. em 2007 passei meu primeiro reveillon com as Marias. em 2008 fiquei amiga da minha irmã. em 2008 tomei meu primeiro porre homerico. em 2008 eu era da começão de formatura e organizei uma festa para 300 pessoas em uma semana. em 2008 eu me apaixonei. e sofri a decepção amorosa mais ridicula da minha vida. e fiquei de coração partido três vezes mais tempo do que fui apaixonada. em 2008 larguei Edificações. em 2008 fui pela primeira vez ao Primo's. de muitas. em 2008 comecei a fumar. em 2008 fiquei com um cara por quem eu fui apaixonada um ano.em 2008 quebrei o coccix e a cara. em 2008 perdi a virgindade. em 2008 tive meu primeiro namorado sério. em 2008 terminei a escola. em 2008 tive um DIA 20. em 2008 terminei com meu primeiro namorado pela primeira vez. em 2008 passei meu segundo reveillon com as Marias. resumindo, em 2008 dancei até a hora que a banda parou, bebi até a hora que a cerveja acabou e me diverti até a hora que o dia clareou mais vezes do que poderia lembrar, mas mesmo assim me lembro. em 2008 morei na melhor cidade do mundo. em 2009 voltei com meu primeiro namorado. em 2009 terminei com meu primeiro namorado pela segunda vez porque havia conhecido meu segundo namorado. em 2009 comecei a namorar meu segundo namorado. em 2009 mudei de cidade pela segunda vez. em 2009 cai num buraco. em 2009 passei meu terceiro reveillon com as Marias. em 2010 comemorei um ano de namoro. em 2010 vi minhas amigas se espalhando por três estados. em 2010 entrei pra faculdade de história. em 2010 comecei a chamar os amigos do meu namorado de meus, e foi a melhor coisa que aconteceu no ano, so far. em 2010 vi minhas amigas se reunindo em volta da mesma velha mesa de bar e rindo mais alto que todos pela milésima vez, mas teve gostinho de primeira vez. em 2010 arrumei meu primeiro emprego. em 2010 fui demitida pela primeira vez. em 2010 larguei da faculdade. em 2010 meus pais se separaram. em 2010 passei no vestibular para pedagogia, numa faculdade particular. em 2010 passei para a segunda fase da Unicamp, para pedagogia, pela primeira vez.
e por enquanto é só isso.

o que posso dizer a mais é que:
em 2010 espero passar meu quarto reveillon com as Marias. em 2011 espero comemorar meu segundo ano de namoro. em 2011 espero voltar a faculdade e adorar o novo curso. em 2011 espero arrumar meu segundo emprego e ficar mais que um mês nele. em 2011 espero zerar Chrono Trigger. em 2011 espero passar me quinto reveillon com as Marias. em 2011 espero continuar muito amiga da Gisele, do Mateus, da Mônica, da Ruiva, do Zé, como sou a tantos anos. em 2011 espero ser feliz.

morte

ultimamente tenho tido um terror absoluto de morrer de repente, não sei porque.
não tenho medo de morrer deixando coisas para trás, ou morrer sem ter finalizado coisas que nem ao menos comecei e tudo o mais. nem tenho medo de sentir dor nem nada. nem de ser demorado.

eu tenho medo do que vem depois. e de não me acostumar. e de que seja realmente pra sempre, a pós-existência. afinal, me namorado foi viajar dia 8. só vou me reunir a ele QUEM SABE dia 28. e esse vinte dias me parecem a coisa mais angustiante do mundo. já se passaram mais de 10 dias e tem sido uma tortura. para quem sabe como nós somos, quem nos vê na nossa rotina, quem acompanha de perto e bastante, sabe o que um significa pro outro. e 20 dias sem ele me parece uma vida.

agora, imagine passar a eternidade sem ele? e sem minha irmã, pessoa da qual eu não me afastei por mais de sete dias consecutivos em 19 anos??? sem tumblr??? e eu lá sei se pode fumar lá pra onde eu vou? e eu lá sei se não vai ser o cigarro que vai me mandar pra lá??????


mas hoje eu tava pensando nisso DE NOVO, e li sem querer a seguinte frase, sobre a primeira vez que a gente encosta na mamãe pelo lado de fora: ' depois do medão que deve ter sido mudar de ambiente e plano, o quão confortável não tava aquele colo.' e eu fiquei refletindo sobre isso e é meio que assim que eu imagino ser morrer. mudar de ambiente e plano, drasticamente. será que haverá um colo de mamãe pra mim do outro lado?


Kat: What's it like to die?
Casper: Like... being born, only backwards. 

eu sei que é meio que babaquice e carencia da minha parte, mas estou me sentindo bem abandonada no momento.
okay, sai com gisele, monica e mateus no sábado. foi ótimo. ótimo mesmo. e apesar de o mateus ter vazado do nosso ponto de encontro pra ir ver um show porque eu me atrasei meia hora, eu não me senti abandonada, nem mesma nessa hora. aliás, eu entendi perfeitamente bem. quer dizer eu não faria isso em nenhuma situação, mas eu conheço o mateus desde 2006, e conheço relativamente bem, e ele é um dos meus melhores amigos, e eu sei como ele é. foi realmente coerente da parte dele, and didn't do me no harm.

mas aí é que está o negócio. (por estranho que pareça) citei justamente esse exemplo porque ele não se encaixa no que eu quero dizer. mas há situações parecidas como essa que me incomodam, e muito. simplesmente pelo fato de que ~eu não faria isso~
estou realmente num estágio em que isso começou a me irritar demais.
as pessoas agem comigo, falam comigo de um jeito que eu não faria com elas, e o pior de tudo: me vejo fazendo coisas e falam coisas para pessoas que nunca agiriam dessa forma comigo.

um exemplo inofensivo e anonimo: há gente que vem perguntar pra mim como ela deve cortar o cabelo, e eu paro tudo que estou fazendo e realmente reflito a respeito, e coloco na voz o maior tom de 'isso realmente me importa' quando, vamos concordar, não há jeito possível de isso realmente me importar. mas eu acho que todo mundo fica feliz de ver os outros se importando com você. então eu faço. mas na situação contrária! se eu digo coisas do tipo: 'que cor de esmalte eu devo usar??' ou mesmo: 'que carreira eu devo seguir??????' e a pessoa está relativamente ocupada ela murmura 'aah, sei lá...' e nem levanta o rosto pra mim.

isso não me machuca porque a pessoa não se importa, por eu sei que não é fácil de se importar com a cor do esmalte que outra pessoa usa.mas me magoa perceber que in the otherwise eu me importaria com isso, OU PELO MENOS FINGIRIA ME IMPORTAR, como se a questão fosse de vida ou morte.

e fica um pouco pior se eu penso em coisas realmente importantes como quando me oferecem a chance de ir viajar pra um lugar que eu quero muito ou fazer algo que eu quero muito e eu simplesmente NÃO CONSIGO aceitar se alguém importante pra mim também quer ir/fazer e não está incluida na situação.
já cansei de pensar sobre isso e em todas as situações a resposta é sempre a mesma: 'pare de ser trouxa, nádia. vá. simplesmente vá.'
mas por causa de um monte de coisas que aconteceu na minha vida nos ultimos anos, eu não consigo evitar de me sentir culpada quando estou feliz e alguém que eu amo não está.


essa falta de reciprocidade em 80% das minhas relações está me cansando.

trabalho de uma vida

Acabei de fazer uma lista definitiva e revisitada e tudo mais das 25 Melhores Músicas dos Beatles.
Achei que não ia ser relevante em nenhum lugar que eu postasse, mas seria um tanto quanto meeeeenos irrelevante se eu postasse aqui porque
1. deu trabalho. muito.
2. isso é uma coisa polêmica que gera discussão. e principalmente...
3. ilustra com tanta clareza quanto marshall's pie chart describing his favorites bars and his bar graph describing his favorites pies como a minha vida anda. é sexta-feira, 1h e tanto da madrugada e eu estou sentada no quarto da bia fazendo uma lista que simplesmente não pode ser feita e que pode ser considerada como o trabalho mais efêmero de todos do mundo depois das esculturas de areia. eu não sei porque mas tenho a sensação de que deveria estar bêbada agora. e lá fora. e de sapato. e dançando. e conhecendo pessoas. mas não posso dizer que DEVERIA ESTAR me divertindo porque, HELL YEAH, foi divertido fazer essa lista.
então a conclusão que eu chego é que talvez eu esteja mudando. ou talvez o mundo a minha volta esteja mudando. mas, AH, o solo de Being For The Benifit Of Mr. Kite nunca muda, e a sensação que tenho ao ouvi-lo nunca vai mudar, eu espero.


soooooooooooo, here it goes.
(lembrando que não está em ordem. só destaquei essas das outras centenas. por em ordem é algo pra ser feito talvez no dia que o allan morrer ou eu me aposentar ou meus filhos sairem de casa. então será em ordem alfabetica, apenas)


A day in the life
Across the universe
Act naturally
And your bird can sing
Being for the benefit of mr kite
Carry that weight
Dig a pony
Fixing a hole
For no one
Golden slumbers
Here comes the sun
I am the walrus
I me mine
I’m looking through you
I’m only sleeping
Nowhere man
Oh! Darling
She’s leaving home
Something
Strawberry fields forever
The end
We can work it out
While my guitar gently weeps
Yes it is
You can’t do that




e aí? que acharam? qual vocês acham que foi uma HERESIA não ter colocado? comentem, just once :)
estou a dias ensaiando um post sobre um quadrinho genial que eu li. dei uns print screens nas cenas mais sensíveis e doces. foi isso que me deixou fascinada pelo Asterios Polyp. A sensibilidade e doçura, e as sacadas absolutamente geniais sobre a condição humana e blablabla.
essa é uma das sacada geniais: desenhar cada ser humano com um traço, de acordo com a personalidade do personagem.

a idéia do holofote ao lado, mas nunca sobre ela, é de uma sensibilidade impar, e linda.

e o fato de eles serem tão diferentes e se gostarem e tal. ah, que lindo.

e os traços se confundindo... OMG.

 eu queria até postar mais coisas, mas não quero ser spoiler queen, como o allan me chama.






e além do mais, o allan foi embora pra itapeva ontem. hoje amanheceu tudo cinza e apagado e nada mais me importa direito.

fato acontecido em fevereiro de 2009

hoje eu olhei pra um cara que a gente vê as vezes aqui em americana, um tal de chuchu, e disse pra bia: 'será que esse rapaz não tem um tênis?'. isso porque ele tá sempre com uma sandália muito massa, completamente jesus christ super star. claro que eu não tava pretendendo com isso troçar dele nem nada. era uma piada, uma das bem imbecis. coisas entre eu e bia, sabe.



lá naquele lugar só há gente bizarra. bizarrices de primeira linha, mesmo. coisas que a gente se recosta, com o cigarro na mão e fica quieta observando. coisas boas mesmo de se observar, eu penso. foi esse meu erro principal quando fui lá pela primeira vez, eu achava que devia me entrosar naquilo, ser um deles, fazer parte do circo todo. hoje eu sei, aquilo é uma jóia rara de se observar, mas só observar mesmo. quando eu perceber que estou começando a virar uma daquelas meninas que vão TODAS de salto alto, colar comprido no pescoço e blusa de um ombro só aparecendo um sutia preto ou de onça, eu caio fora na hora. peço pra bia me internar.
ainda vou escrever um livro sobre aquela gente.


e eu pensei sempre assim. acho divertido ver e tal, comentar, rir, entender esse comportamento humano. euentendia perfeitamente que somos diferentes, eu e eles.


mas hoje eu compreendi de verdade que somos diferentes. porque a bia me respondeu, em sua infinita sabedoria, sobre o não-tênis do chuchu: 'ele deve olhar pra gente e pensar: essas gurias não têm uma sandália, não??'




thin line.
as vezes eu estou a toa na internet e me deparo com palavras ditas por outras pessoas que do nada trazem toda uma tristeza e uma euforia.
agora pouco eu li: 'sexta vamos no primo's, né?'

meu avô tem o costume de me dizer com relativa frequencia: 'esquece aquela cidade. isso só faz você sofrer. aquilo não é mais a sua vida. viva para o presente. largue mão do passado, sua boba'.

talvez ele nunca tenha passado por uma experiência assim, eu acho. quando você encontra um lugar, alguém, um som, um cheiro, um gosto que pode realmente trazer a tona tudo o que há de melhor em você.
eu penso na pessoa imatura, mentirosa, pequena e meio podre que eu era aos 15 anos. aí penso na pessoa que eu era aos 18. talvez, TALVEZ, fosse um caminho normal, algo que aconteceria de qualquer forma. mas eu sei que não. eu sei que não.


as vezes eu acordo e tudo o que eu queria era tomar um banho e ir até a casa da marta, fazer brigadeiros ou ficar na internet rindo alopradamente. quem sabe jogar um the sims e mais tarde pedir uma carona ao deco até o making off, e dançar até a hora que a banda parar.
talvez fosse um dia de semana e eu estivesse na escola. com sorte, poderia ser um dia de educação fisica, então eu e o jeferson nos refugiaríamos no canto mais obscuro do minas, para falar dos nossos sentimentos mais obscuros ou das experiências mais obscuras. a gente poderia chorar. ou rir até se acabar.
se fosse um final de semana, eu gostaria de andar de madrugada até minha casa com a duda e a bia ao meu lado, falando da noite ou de coisas mais sérias, e então quando chegassemos em casa, minha mãe teria feito um bolo, um café ou teria pão com mortadela. a gente comeria e iria se deitar, para conversar mais um pouco antes de dormir. e ai no dia seguinte quando eu acordasse, a eduarda já estaria acordada há horas na cozinha com a minha mãe, e talvez ela poderia me receber me contando uma coisa estranha que eu tivesse dito enquanto dormia.
se a duh tivesse ficado em itaberá, então muito provavelmente eu iria com a mô pegar uma moto para casa. antes de ir atéo disk moto, a gente levaria a marta em casa, e na volta ela seguraria meu braço daquele jeito que só ela segura e a gente sentaria num cantinho pra conversar. externar nossas preocupações e orgulhos das nossas marias, e perder a noção do tempo, como aconteceu tantas e tantas e tantas vezes.
muitas vezes também, eu estava andando sozinha pelo centro e encontrava a adriele de mochila nas costas e oculos de sol. na mochila, umas 2342165 mil contas da tia dircéia, que proporcionariam uma verdadeira procissão pelas mais variadas lojas da cidade. no fim, juntaríamos moedas e repartiriamos um cachorro quente no juninho.

tenho a sensação que adoraria ter cada uma delas só pra mim, por meia hora cada, que fosse.
e de repente eu percebo que a resposta pode sim estar ao meu alcance.
a mágoa não faz sentido.

e talvez amadurecimento seja isso. porque eu fiquei dois anos lutando para não odiar(coloco em itálico porque a palavra é muito forte e não é muito exata) duas pessoas.
e eu sabia: é só não odiar. sua vida VAI pra frente. assim que você largar desses dois baús te arrastando pra trás. mas e o know how? isso eu não tinha.

mas há algum tempo, e eu não posso precisar de mês, nem de semana e muito menos de dia, eu tenho percebido que não era ódio. nunca foi ódio. por nenhuma das duas.
pela primeira, era inveja. eu não tenho realmente medo de admitir. era medo e inveja. e um pouco de despeito. e uma outra coisa que eu ainda não consigo definir, que não é de maneira nenhuma desapontamento, mas me fazia pensar: 'como é que você pode fazer essas coisas?? eu não mereço respeito??? tudo o que eu quero é respeito!'
mas hoje eu sei a resposta, e, citando de um filme, é essa: 'i can't spend my intire life being jelous of you. i can't and i DON'T have to. because he's got you on a pedestal and me in his arms.'.
então é isso. é comigo que ele vai pra casa. beijos. não tenho porque me descabelar a toa. porque ele é o homem que eu amo, e eu sou a mulher que ele ama.


pela segunda, era decepção. a maior decepção que eu já senti. porque a raiva me cegou de tal forma, que além de eu ver 100000 de vezes pior cada coisa ruim ou errada que ela fazia, eu totalmente apaguei da minha mente qualquer coisa boa que ela pudesse ter feito, ou sido.
mas a vida é assim. a gente se decepciona. eu nem posso afirmar com certeza o numero de pessoas que eu já magoei. e ninguém é perfeito. e se eu vou ser tão indulgente com os meus erros, não há mal em ser com o dos outros. eu luto dia a dia para ser cada dia menos hipócrita, juro que luto. 
então acabou. 
eu quis estar sozinha, desejei com todos os átomos do meu corpo: o silêncio.
desejei a liberdade total. eu sempre tive uma certa certeza de que a liberdade só se alcança quando se livra das pessoas. amar, cuidar, conversar, abraçar, tudo isso te prende. você nunca vai poder fazer tudo o que quiser fazer enquanto se preocupar com as pessoas, enquanto conviver com as pessoas, enquanto as pessoas te amarem. um esquema meio Into TheWild. e eu quis a liberdade com todas as minhas forças.

eu quis estar sozinha. o poder do silêncio me seduziu. a idéia de que eu poderia florescer. me conhecer, pensar, viver, ser, no absoluto silêncio. eu só poderia dizer: EU SOU EU MESMA quando estivesse completamente sozinha. SOU LIVRE. porque, por exemplo, eu nunca era capaz de dizer que algo era feio, ou que eu não gostava da tal coisa se a pessoa que eu amasse achasse aquilo bonito ou gostasse e tudo o mais.
as pessoas que eu amo sempre vieram muito acima de qualquer coisa e eu tinha me tornando incapaz de opiniões, incapaz de ser eu mesma. e eu odiava aquilo.

hesitei tanto em procurar a solidão porque eu sempre gostei MUITO de conhecer a vida dos outros e viver mil vidas em uma só. isso ia além dos livros, era uma curiosidade intensa, de conhecer a vida por todos os vértices e saber como pensam as pessoas, como vivem as pessoas, como agem as pessoas.
e o espetacular teatro do drama humano prosseguia, sempre a encantar aquele que parava para apreciar.

de repentíssimamente eu me toquei de que não tinha ideia de quem eu era. não sabia ao certo como eu pensava, como eu vivia, como eu agia. era uma folha em branco sendo preenchida pelos pensamentos alheios, vidas alheias, atos alheios. passei tanto tempo buscando entender a natureza humana, que coloquei tudo no mesmo saco, sabe. incluse eu mesma.
cometi um erro grotesco. sempre dei corda pra todo mundo falar e sem perceber acabar se mostrando. nunca dizia a ninguém minhas verdadeiras opiniões. até que há alguns anos resolvi largar mão disso.
e me tornei grosseiramente sincera, escrotamente sincera, nojentamente sincera.
então a vida por si só se encarregou de me levar pra longe dos meus amigos.




me exclui do convívio com as pessoas para conhecer a mim mesma




















não gostei do que vi.











so here i am. trapped inside myself. and there's no fucking windows.

significado

uma vez no cursinho, meu professor gato disse que literatura é linguagem carregada de significado. e boa literatura é linguagem carregada de muitos significados.
enfim. no momento, eu não entendi. porque na minha cabeça, qualquer livro carrega significado, até mesmo esses babaquinhas do paulo coelho ou da meg cabot [parenteses: não vou mentir: li coisas do sir paulo e até gosto e a meg eu amo loucamente]. quer dizer... todos eles significam alguma coisa, numé?
foi ai que um dia fuçando nos livros do meu pai - que tem um gosto irritantemente excelente -  eu achei um livrinho velho, de capa amarelada, com uns rabiscos à la picasso numa linha só de uma mina pelada e um cara de sobretudo. chamava 'A Insustentável Leveza do Ser'. eu, na minha infinita ignorancia, nunca tinha ouvido falar (esse livro é bem famoso). comecei a ler e MANO.

como eu posso descrever... eu fiquei embasbacada. é tão ridiculamente bem escrito. e mais do que isso... é, sim, linguagem carregada do maior numero de significados possíveis.
aí eu entendi. porque, MANO. cada capítulo era um estupro mental. eu me sentia realmente assim, estuprada mentalmente, virada do avesso, cansada, até. todo capítulo gerava tanta elucubração (desculpem aí o vocabulário meio extremamente pedante, mas é que eu leio mais do que seria saudável e essa palavra define melhor do que qualquer outra) que era impossível prosseguir. eu tinha que parar, respirar, pensar bastante. era uma leitura dificil, mas não porque tinha palavras complicadas ou seguia uma linha tortuosa ou tinha muita informação de cada vez. era difícil porque a cada capítulo o Milan Kundera(esse é nome do manolo que escreveu essa pedrada) obriga a gente a entrar em contato com coisas muito fundas da nossa mente (quem preferir substitua pela palavra 'alma'), coisas realmente obscuras, que a gente se força a esquecer ou manter o menor contato possível com elas. são coisas que nos dão um grande auto-conhecimento. as vezes machucam, as vezes fascinam, mas eu posso dizer: nunca é fácil. sentir nunca é fácil.

mas aí que tá... é uma história bem simples, contada por quatro pessoas. primeiro o tomas, que é um mulherengo que separa muito bem 'alma' de 'corpo' e por isso trai a mulher dele o tempo todo. depois a tereza, que é a dita mulher e que vê a sua alma como uma coisa muito mais importante do que o corpo e sofre muito com as traições do marido. aí vem a sabina, que é a mulher com a qual o tomás trai a tereza. ela acha que o corpo é que é o importante. e por fim vem o franz, que é um cara muito do desinteressante e sem graça, que não dá relevância nem pro corpo e nem pra alma, só para a mente. ele larga da mulher dele pra pegar a sabina.
essas, obviamente, são conclusões que eu cheguei. não digam que estão certas nem erradas, porque esse lance de interpretação é assim mesmo.

por incrivel que pareça, não era sobre o livro que eu queria escrever. o que eu queria dizer mesmo é que hoje não estou com saco para estupros mentais. queria assistir house, mas as vezes ele me estupra também, então fui assistir glee. pensei em ver into the wild, que um filme com o mesmo poder que a insustentavel leveza do ser tem sobre mim, mas deixei pra lá. até ia tentar ouvir bob dylan ou regina spektor. mas, MANO.

de uns tempos pra cá não tenho saído muito, nem falado com ninguém. só jogo video game pra abstrai e leio loucamente. enfim,  eu penso demais. o tempo todo. e eu acho que essa é a raiz dos meus problemas.

eu não quero pensar.

[mas não vou negar: ser estuprada mentalmente em situações normais.. oh, it feels good]

continuidade e ruptura

tenho o hábito de ler para meu namorado algumas passagens divertidas dos meus diários de anos anteriores. isso nos liga e ele passa a me conhecer mais e mais.
eu estava lendo algumas coisas do meu diário pink de 2007 e com um imenso sorriso e a voz embargada de nostalgia eu murmurei:
- foi um bom ano...
de repente, a cabeça e o coração se enchem de uma vontade assustadora de voltar para escola, de voltar para o minas, de voltar para itapeva. de voltar a ver minhas amigas todo dia e voltar para aquele dia em especial que aceitamos nosso codinome como nome. voltar a ter pique para sair quinta sexta sábado domingo, fazer cursinho e ensino médio e fazer brigadeiros a tarde inteira com a martinha. voltar desesperadamente a ter 17 anos.de ter fé no mundo e viver numa bolha de ingenuidade e felicidade onde nada me atingiria, de rir na cara do perigo!
afinal, o que de ruim aconteceu na minha vida em 2007? nada.


tudo isso se passa em dois segundos e eu ouço a voz do meu querido me dizendo:
- melhor do que 2010?
minto instantaneamente, nem eu mesma sei bem o porque:
- ah, não...
ele, que lê a minha alma em cada entonação de voz sabe que eu estou mentindo e tenta me desmascarar:
- ah, é? o que de bom aconteceu na minha vida esse ano?

o que de bom aconteceu na minha vida em 2010? nada.
então eu me pego a vasculhar minha mente em busca de alguma resposta e falo, sem a menor animação:
- eu entrei pra faculdade...
lanlan diz, com um sorriso lindo:
- sim!
e penso: é, entrei sim. e depois de gastar uns 5 mil reais e 8 meses da minha vida eu percebo que detesto aquilo.
- eu fiz realmente as pazes com as minhas amigas... - digo, incerta.
- fez mesmo! - diz ele todo felizão.
e penso: sim. e agora é 13948579364 vezes mais difícil estar longe.
- você arrumou um emprego... adquiriu experiencia profissional! - diz ele tentando desesperadamente me ajudar.
- pois é!
e penso: e fui demitida com um mês porque não conseguia nem ao menos atender o telefone direito.
então, como uma última cartada, eu disse a única coisa que me parecia não ter uma contestação:
- a gente está muito mais feliz juntos esse ano. temos muito mais intimidade e cumplicidade, estamos realmente muito bem, melhor do que nunca.
ele apenas sorri, doce.
mas aí, OH NÃO, meu cérebro me engana e grita: E EU QUERO MORAR COM VOCÊ. LOGO. AGORA. DESESPERADAMENTE. E COM O DIVORCIO DOS MEUS PAIS, ESTAMOS MAIS DISTANTES DISSO DO QUE JAMAIS ESTIVEMOS.


então lá estava eu. uma menina de 20 anos sentada numa cama, em um quarto extremamente bagunçado, sem unhas na mão, pesando 49 kg, que só joga video game e come maçã o dia inteiro, segurando uma agenda da capricho e sem ter a menor idéia do porque sua vida ser tão bosta. tão tão bosta.

primeira coisa. porque diabos eu tenho que rebater cada coisa boa que vem na minha cabeça com uma coisa ruim?? desde quando isso é saudável?? isso serve praqueeee??? pra nada. porque eu devo achar que eu não mereço nada de bom, fico me autossabotando e desisto de tudo que pode me fazer algum bem? porque em algum nível insano, eu gosto de ser infeliz.
segunda coisa: porque quando eu tinha 17 anos nada de ruim acontecia e hoje nada de bom acontece? porque eu dou margem. eu vivia tão ocupada sempre e taaaanta coisa acontecia na minha vida que eu simplesmente não tinha tempo pra ser triste. hoje em dia, eu fico acordada a madrugada inteira só pensando besteira e é obvio que nada de bom nasce daí.

mais tarde nesse dia eu fiquei pensando sobre tudo isso. tentando descobrir porque a menina de 17 anos sabia viver melhor do que a menina de 20 anos. porque eu estava tão terrivelmente triste há dois anos. porque eu não tinha muito ânimo de viver. porque eu era fria com todo mundo e não conseguia fazer amigos.

eu não cheguei a conclusão nenhuma a respeito dos porquês. mas cheguei a outra.
eu cansei de ser infeliz. eu não quero mais.
e a primeira coisa que eu devo fazer é deixar os pensamentos bons, os dias bons, as pessoas boas, as cervejas boas, as festas boas, as boas noites de sono, a boa comida(parte dificil :S), a saúde e mais um monte de coisas que me falta chegarem à mim.




e vou começar parando de roer unha







para essa galera maneira da minha geração, tipo infância-anos-90-assistindo-doug-funnie, tinha algo que você TINHA que participar para ser legal quando chegava a quinta série. os cadernos de resposta.
alguém pegava um caderno velho e escrevia uma pergunta em cada página, bem no alto. depois, respondia todas as perguntas e dava o caderno para um amiguinho responder. até preencher.
eu não tenho nem idéia de quaaaaantos cadernos de resposta eu já respondi na vida, naquela época em que não havia orkut e era impossível exercer o narcisismo no nível adequado.
mas houve um caderno que, eu não tenho a menor idéia do porque, não foi passado pra frente. há uns 6 anos eu o achei, e só havia as minhas respostas, provavelmente no mesmo dia em que eu escrevi as perguntas, em 2001.  aí, em 2004 eu respondi de novo. e assim foi, em 2005, em 2006, duas vezes em 2007, QUATRO vezes em 2008, duas vezes em 2009 e uma vez em 2010.
há 13 respostas lá, todas minhas.

ontem eu estava dando uma olhada  nele.
vi as respostas da pergunta: 'onde você mora?' mudarem drasticamente duas vezes. as primeiras respostas da pergunta 'o que você gosta de fazer?' conterem coisas que eu não suporto fazer, e as últimas conterem coisas que há dois anos atrás eu nem sonharia em responder, como 'ficar sozinha'. percebi também uma grande constância em três coisas: beber, dormir e ler. essas aparecem todo ano desde que eu tinha 15.
notei meu gosto musical, literário e cinematográfico ir se refinando com o passar dos anos.
aos 12 respondi: 'cine majestic, uma mente brilhante, harry potter e a câmara secreta.', 'charlie bronw junior e avril lavigne' e 'o gênio do crime, a marca de uma lágrima e harry potter e o prisioneiro de azkaban'.

eu gosto muito de poder ter uma coisa tão palpável e direta a respeito de tudo que se passou pela minha cabeça .
mas depois de um semestre e meio e muitos trabalhos de historiografia, eu aprendi a ler documentos como esse de uma maneira bem mais... perturbadora. eu reparei em algumas coisas que não tinha reparado antes.

por exemplo: dos 12 aos 18 anos, minhas respostas mudam draaaasticamente todos os anos, principalmente no que concerne à gostos e preferências. mas dos 18 aos 20, não há praticamente mudança nenhum. nem na minha caligrafia.os filmes que eu amava aos 18 continuam sendo os mesmos, exceto por um ou outro filme que eu não havia visto antes. o mesmo se dá com os livros, as bandas, as séries de tevê. e as pessoas citadas também. as marias, a gisele, a bia, o allan. estão todos lá,
agora eu ouço jamie cullum. agora eu amo o guy ritchie. agora eu assisto how i met your mother.
mas fora isso...



será que essa é uma tendência de todo mundo?? evoluir loucamente por alguns anos e depois estagnar? será que desde os 18 anos eu sou exatamente a mesma pessoa, e serei essa mesma por toda minha vida adulta??

toda essa falta gritante de progresso me assustou.
por um lado, eu posso tentar ver mais filme, conhecer mais bandas, ler mais livros, conhecer mais gente e afins.
por outro lado, eu tenho MUITA certeza do tipo de filme que eu vou gostar e não vejo porque ver filmes de terror só pra dizer que tenho um gosto A MAIS na minha lista. e assim vai.
a verdade é que nos últimos dois anos houve tanta mudança na minha vida que eu me sinto muito segura mantendo os mesmos gostos e tudo o mais. além do mais, houve umas coisas ruins e tal, e minha vontade de conhecer coisas novas, me jogar na vida, uhuuuul, não foi das melhores.
será que essa desaceleração da minha 'evolução' se deve a um grande auto-conhecimento ou a simples preguiça e comodismo?

não perca os próximos capítulos.
tem várias coisas a respeito da vida e das pessoas que me deixam louca. mas a principal delas, com certeza, é o fato de todo mundo ser tão hipócrita. o tempo inteiro.
não sou uma menina de 12 anos que faz uma lista de coisas que odeia e coloca FALSIDADE, MENTIRA E HIPOCRISIA, como se alguém gostasse dessas coisas. odiar a hipocrisia é um belo clichê e uma generalização.
mas eu penso que se uma coisa é clichê ou frequentemente generalizada, há uma droga de uma razão.
e aí está. hipocrisia. que coisa idiota.

ao escrever esse texto estou, por definição, sendo hipócrita. eu sou hipócrita. eu detesto pessoas que julgam os outros e estou aqui julgando todo mundo.

chamar alguém de hipócrita é confronta-lo com uma verdade inconveniente e obviamente ninguém gosta.
mas a questão é: eu já vi muitas vezes na minha vida a seguinte frase: SOME PEOPLE ARE GAY. GET OVER IT. okay. eu vejo o ponto. mas aí logo em seguida eu vejo as mesmas pessoas publicando fotos em que zoam os hipsters, em que zoam a galera que curte crepusculo, em que ABOMINAM quem não gosta de harry potter ou quem realmente acha que gays não deveriam se casar e sei lá mais o que.

não seria de se pensar que essas pessoas, para serem um pouco mais consistentes nas suas opiniões postem fotos por ai dizendo: SOME PEOPLE ARE HIPSTER. SOME PEOPLE LIKE TWILIGHT. SOME PEOPLE DON'T LIKE HARRY POTTER. SOME PEOPLE ARE HOMOPHOBIC.
             GET THE FUCK OVER IT!

mas não. eu ainda não sei bem porque, mas está incluso na condição humana o fato de que é realmente dificil aceitar que as pessoas são como são EEEEEEEE querer loucamente que todo mundo aceite que você É como você é. todos querem desesperadamente ser únicos e diferente e especiais, mas não entendem que para isso, as pessoas tem que pensar diferente de você.

é isso que eu odeio na hipocrisia. não o ato de ser hipócrita ou pessoas hipócritas. mas o fato de todos nos o sermos e sem a menor previsão de achar um jeito de se libertar disso.
no primeiro post desse blog eu afirmei que fiquei muito tempo sem escrever por que a minha vida era muito deprimente e eu tinha um pouco de receio de soar dramática e desesperada por atenção (já que coisas bem desagradáveis aconteceram comigo nas vezes em que tentei desabafar).
mas hoje me deu uma grande vontade de falar um pouco sobre o maravilhoso ano de 2009.
eu percebi que o único jeito de ser feliz e não dar a mínima para o que os outros vão pensar de você e agir de acordo com seus princípios e vontades, desde que não machuque ninguém. e o fato é: tudo isso já passou, THANK GOD.


de segunda a sexta a parada era a seguinte: eu acordava as 15h, 16h horas. tomava um copo de café. entrava na internet. morria de aflição o tempo todo que eu estava lá, medo de as pessoas entrarem em contato comigo ou perguntarem como eu estava. eu não estava mais a fim de forçar sorrisos ou mentir, e dizer a verdade não era nem de longe uma opção na minha mente perturbada. por isso, parei de mandar scraps e principalmente, de entrar no msn.
as 17h30 eu ia tomar banho e o sentimento de culpa começava. me sentia culpada por estar triste, por viver aquela vida patética e deprimente, de chatear as pessoas ao meu redor e principalmente: de ter tanta coisa ocupando minha cabeça e minhas forças, que não havia espaço para ajudar os outros.

(não vou dizer que eu vivia atormentada 24/7 pensando que os outros precisavam de mim e eu não podia ajudar. o que me atormentava era algo muito mesquinho, egoísta e egocêntrico. e, claro, não era verdade.
eu achava que ninguém no mundo podia estar sofrendo tanto quanto eu, e que eu mais precisava de ajuda do que precisava ajudar. talvez essa parte até seja verdade, mas, como uma grande amiga me fez perceber, a culpa em grande parte era minha, já que eu não deixava ninguém me ajudar. e, afinal das contas, menosprezar os fardos dos outros não me levou a lugar nenhum. nenhum lugar bom, pelo menos)


enfim. aquele sentimento de angústia e aflição me perseguia até as 23h30, quando eu chegava do cursinho.
metade das vezes eu me sentia tão mal que simplesmente sentava numa praça com um livro das 18h às 23h, mas na outra metade eu era forçada a ir naquele lugar do inferno.
meu deus, como eu odiei cada segundo naquele curisnho!
uma paranóia delirante tomou conta de mim durante o ano todo(e eu devo admitir, ainda há resquícios dela em mim atualmente :P), e eu imagina que cada uma das 200 pessoas naquele auditório olhavam pra mim, diziam coisas de mim, me desprezavam. (isso não melhorou nada depois de eu ter ouvido umas meninas falarem mal de mim no banheiro)
quando eu fiiiiiiiiinalmenteee chegava em casa, eu fazia a primeira refeição do dia. comia alguma coisa e sentava na sala para assistir tv. ficava tomando danones, comendo bolachas, maçãs, baldes de pipoca e tomando café, MUITO café durante a madrugada inteira. e fumava como uma chaminé.
durante esse tempo eu desenvolvi um medo de escuro absurdo. absurdo mesmo. e medo do silêncio, também.
eu me sentia sozinha feito o diabo de noite, e só me sentia segura pra dormir depois de ouvir o despertador do meu pai às 6h. aí já estava claro e havia mil passarinhos pra não me deixar no silêncio. e aí eu dormia.
aliás, durante todo esse tempo eu dormi na sala. me sentia presa e sufocada no meu quarto, e tinha verdadeiro pavor de dormir lá.
(para vocês entenderem a gravidade da coisa, só voltei definitivamente a dormir lá em março desse ano. e faz umas 6 semanas que eu consegui dormir com a porta fechada pela primeira vez. vamos ver quando é que vou poder fechar a janela também).

durante esse tempo briguei com meu pai todos os dias, com minha mãe dia-sim-dia-não e com a bia uma vez por semana. não conversava direito com ninguém, sentia uma falta alucinante das minhas amigas e pensava o tempo todo que as coisas que eu estava passando e a pessoa que essas coisas me transformaram eram demais para elas. que uma pessoa tão problemática, toda fudida e totalmente bipolar era mais do que elas podiam aguentar. ainda acho isso, um pouquinho, apesar de t.o.d.a.s. elas terem se provado amigas de verdade e agora eu saber o quanto elas tentaram me ajudar.


mas aí chegava o final de semana.
de sexta-feira eu saia com a bia. a gente ia no texaco, na praça, no fritz, ou em qualquer lugar. eu ria, me sentia livre e feliz.
e sábado... sábado eu ira ver o allan. e nos passeios por barão geraldo, as conversas madrugada a dentro, a cerveja gelada na mesa do rédi, as tardes de sol ao lado da piscina, os discos de vinil, os sorrisos,abraços e beijinhos e os lanches da padaria alemã, eu ia achando forças pra lutar.
perdi a conta de quantas vezes completamente bêbada eu gritava na orelha dele: 'dane-se você! minhas marias não me amam mais!' e chorava-ava-ava. eu tinha medo de dormir no escuro, e ele era forçado a cantar e conversar comigo no claro até eu dormir, e aí ele fechava a janela. eu tinha surtos e jogava as coisas na cabeça dele, tinha crises de choro infinitas, as vezes passava dias sem dar uma risada ou mesmo sorrir. ficava horas e horas reclamando sobre a angustia que eu sentia e tinha momentos realmente tensos em que as crises de depressão derretiam meu cérebro e eu ficava com o olhar parado para o nada, ouvindo ele falando ao longe e só pensando em maneiras de morrer. implorando pra morrer. implorando pra que ele deixasse eu me matar. e todas as vezes, ao inves de parecer chocado ou triste ou achar frescura, ele levantava imediatamente, colocava um vinil dos beatles, me abraçava e cantava baixinho no meu ouvido.

ele salvou minha vida.

ainda bem que o tempo passa. e agora não me sinto mais ridícula de falar sobre isso, nem de pedir ajuda :)
Olha só.
Eu comprei a Mundo Estranho desse mês - sobre atividades paranormais - e junto veio o álbum de figurinhas do Harry Potter e as Relíquias Mortais Parte I.
Okay, eu comprei mais por causa do álbum, e eu ia comprar a revista só pra dá-la de presente pro meu namorado.
Eu lembrei do remoto ano de 2002, quando estreiou a Câmara Secreta e eu fui na estréia e ganhei o álbum no cinema. Ninguém tinha, era dificil de trocar as repetidas e eu deixei pra lá.
(Também porque eu não podia ir sozinha até a banca de revistas comprar as figurinhas e minha mãe não tava tão disposta a me levar lá todo dia)
Mas hoje eu tenho 20 anos! E a perspectiva de completar o álbum me deu uma alegria muito intensa.
Eu lembro na Copa do Mundo desse ano, a gente passava às 7 da manhã, as 9 da noite, as 4 da tarde na frente da banca central de Barão e sempre havia umas 20 pessoas lá, desde de crianças de 6 anos até senhores de 65 trocando figurinhas. Meu amigo Zé fica louco. Meu amigo Fernando fica descontrolado. Mas eu não ligava muito, e sempre que passava lá me sentia um pouco triste, como se uma grande diversão estivesse escapando de mim.
Por essas razões, completar o álbum está parecendo a coisa mais legal do mundo.

Mas eu já comecei bem mal.

O álbum veio com um pacote de figurinhas. Mas tinha uma figurinha só, um dos posteres ingleses da Ordem da Fênix. Colei e fiquei feliz. No dia seguinte minha irmã comprou o dela e vieram QUATRO FIGURINHAS. Ela disse que eu devia ter jogado fora as outras três com a embalagem. Eu fiquei extremamente triste, mas convencida de que tinha vindo só uma mesmo! (auto-enganação)
Alguns dias depois eu estava jogando fora o lixo e dentro da minha mochila e achei as outras três figurinhas!
Foi o ponto alto da minha semana! Eu literalmente pulava e gritava, corri para contar para a mamãe e a Bia.
A parte ruim é que esse tal ponto alto foi imediatamente seguido do ponto mais baixo da semana:

todas as três figurinhas eram repetidas.

20/10/2010; o dia em que o tumblr ficou roxo.

hoje o tumblr teve uma iniciativa maravilhosa. ele ficou roxo.
sete meninos americanos se mataram, desde setembro.
sete meninos maravilhosos.
tyler, raymond, seth, asher, billy e outros dois cujas histórias não foram divulgadas.

eles não tinham depressão, eles tinham amigos, eles não tinham perdido entes queridos ou passavam necessidades terríveis.

eles eram gays.

tyler tocava violino, era universitário e tinha 19 anos. um video no qual ele fazia sexo com seu namorado foi parar na internet e quando ele descobriu, se jogou de uma ponte.
raymond também era um universitário 19 anos. amava harry potter, estava ansioso para ver as relíquias mortais, gostava dos rugrats e da gwen stefani. se enforcou na porta do seu quarto
seth tinha apenas treze anos e era atormentado por meio de telefonemas, pela internet e pessoalmente, por ser um menino estiloso e de personalidade. se enforcou numa árvore do seu quintal.
asher era um menino franzino de 13 anos, e as crianças na escola o atormentavam por ser pequeno, por causa das suas roupas e suas crenças religiosas. ele se matou com um tiro na cabeça. a escola sabia o que estava acontecendo e não fez nada.
billy tinha 15 anos, e as mensagens homofobicas no seu facebook foram muito claras: 'se mate, seu viado!'. e ele fez isso.


a iniciativa de fazer do dia 20/10/2010 um Gay Pride Day em homenagem à esses meninos veio dos próprios tumblers, não da equipe do site. o tumblr hoje em dia tem quase 9.000.000 de usuários, e entre os 100 que eu particularmente sigo não há nenhum homofóbico. e a coisa vai além: todos eles são simpatizantes com a causa gay.
eu cheguei a pensar que eu os seguia por causa disso. mas depois de um tempo eu fui percebendo que na verdade, a homofobia, o racismo, a xenofobia e qualquer tipo de preconceito de um modo geral são praticas abominadas no tumblr.
eu quero realmente crer que o que esse universo tumblriano mostra é um tendência na juventude atual.
e em um caso como esse, eu já ficaria satisfeita se fosse apenas pela modinha.


cara, eu conheço conheço conheço mesmo três viados nessa minha vida.
um deles estava lindo e pimpão no quarto ano de uma faculdade federal, quando foi para Alemanha fazer intercâmbio por causa da excelente pesquisa feita por ele. está lá agora  comendo salsicha rs
além disso, ele é o menino mais educado que eu já conheci na vida. a gente fica até acanhada na presença dele, de tão doce, culto, gentil, lindo e maravilhoso que ele é.
o outro estudou comigo e sempre tirava as melhores notas da sala. está no segundo ano em uma faculdade pública. ENGENHARIA galera. pelamor. tem que ser escolhido por deus pra fazer engenharia. ainda mais em faculdade publica. além disso, ele é o melhor cozinheiro do muuuuundo (tirando o allan), dança muito bem, bebe cerveja feito macho gente grande, e é um dos melhores, mais compreensivos, bem humorados e mais presentes amigos que você pode ter na vida. e sabe o nome dos 150 pokemons
o último viadinho lindo que eu conheço tem 30 anos. terminou a graduação na usp quando tinha 22 anos, foi fazer doutorado em seguida mestrado em seguida pós e blablabla, eu não sei bem a ordem. ele tem sua própria empresa de tradução, ganha bem pra caramba, ahaza na night, tem um homem maravilhoso, já viajou ela frança, holanda, inglaterra e tal. uma pessoa bem sucedida.
se tivesse acontecido algo com esses três como o que aconteceu com aqueles sete, eu não sei o que faria.


agora diga-me: O QUE O FATO DE ALGUÉM DAR O CU IMPLICA EM ELE SER UMA PESSOA PIOR OU MELHOR?

vamos lá, pessoal. a vida é curta e linda demais pra gente se preocupar com esse tipo decoisa.

for so long...

... i had blogs and write in them everyday. i used to have journals, i used to have all this kind of things that you can just go and write everything that you're feeling.
for so long i used to post this things and people actualy like it.

but now. i can't have a blog, a journal or everything like that.
because it's all so fucking depressing!
i had this fotolog.com/paolavive and i shiver just thinking of reading the archives. it's all too sad!
i don't want this anymore.

but now. noooooooooow. when i was starting to feel that 'here comes the sun tchurururu'. my dad leaves. and i have too do all this exams so i can go to college. i feel ridiculous.
i want to have a blog and post funny texts about my daily stuff and, you know.

i guess it won't hurt give it a try.